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Veterinária mineira faz vaquinha virtual para morrer na Suíça

Ela é portadora de uma doença incurável, que causa dores lancinantes, com as quais não mais suporta conviver, e decidiu se submeter a eutanásia naquela país da Europa central, já que no Brasil a prática é crime previsto no Código Penal

Publicada em 07/07/2024 às 19:30h - 110 visualizações

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Veterinária mineira faz vaquinha virtual para morrer na Suíça

 

 

 

 

 

A jovem veterinária mineira Carolina Arruda Leite, de 27 anos, que está organizando uma vaquinha online para custear sua ida até a Suíça para realizar eutanásia, já havia conseguido, até esta quinta-feira (4).  mais de 30% do valor total, que é de cerca de R$ 170 mil. Ela é de Bambuí, na Região Central de Minas Gerais, e tem neuralgia do trigêmeo bilateral, doença que afeta o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da face.

Segundo especialistas, a doença causa uma das piores dores do mundo. Devido à baixa qualidade de vida, a jovem decidiu realizar uma eutanásia, que é a interrupção da vida de um paciente acometido de grave doença. Como no Brasil a prática é proibida, ela arrecada dinheiro para fazer o procedimento na Suíça.

Ao todo, 742 pessoas já haviam contribuído para a arrecadação do valor desde a criação, no dia 1º/7. Em entrevista ao Estado de Minas, Carolina diz acreditar que as pessoas têm se sensibilizado por ela, pois sabe que existem várias outras pessoas acometidas por doenças que causam dor.

“Eu acho que meu caso está sensibilizando muita gente, por isso esse aumento do valor tão repentino. Muita gente sofre com dores ou conhece alguém que sofre bastante, acredito que as pessoas que estão ajudando sejam empáticas com a situação”, conta a jovem.

A sensibilização pelo caso tomou repercussão depois da jovem passar a compartilhar sua rotina de cuidados nas redes sociais. Ela compartilha as dificuldades, como os momentos de crise, que causam dor extrema, e as medicações que toma. Em vídeos, ela conta que já tentou buscar tratamentos, além de realizar quatro cirurgias para reverter a situação, mas sem sucesso.

Decisão difícil

A veterinária contou à reportagem do Estado de Minas que já teve esperança em melhorar e poder viver sem dor, mas depois de várias tentativas, entendeu que a situação não vai mudar. A dor que a mineira sente é comparada por ela com choques elétricos equivalentes ao triplo da carga de uma rede de 220 volts, que atravessam seu rosto constantemente, sem aviso e sem trégua.

“Eu tive esperança várias vezes, em cima de vários procedimentos, tanto cirúrgicos quanto farmacológicos que eu tentei e essa experiência só fez piorar. Só fez com que eu ficasse mais ansiosa e cada vez mais decepcionada depois que a tentativa não dava certo. Pra mim, já passou essa fase de achar que tem solução, porque eu sei que não tem mais”, diz.

Com a repercussão do caso, a jovem recebeu alguns comentários em suas publicações recebendo indicações de tratamentos alternativos e até a indicação de médicos especialistas para que ela repensasse a decisão de realizar a eutanásia. Embora os comentários não façam com que Carolina mude de ideia, ela acredita que as pessoas são bem intencionadas sugerindo outras opções a ela.

“Eu acho que as pessoas estão tentando ajudar, então eu não vejo como um desserviço nem interpreto de uma forma ruim. Eu acredito que as pessoas estão tentando ajudar e que estão tentando buscar esperança para mim. As pessoas vendo de fora realmente criam esperança em cima de tratamentos e médicos diferentes, mas eu não tenho mais essa esperança”, conta.

Para ela, a decisão não é fácil, mas é a melhor a se fazer. Carolina conta que já conversou com as pessoas que convivem com ela sobre a decisão, como a mãe, a avó, o marido e a filha, de 10 anos. De acordo com a jovem, a família já sabe da vontade dela há muito tempo e apesar de entenderem a decisão, não concordam.

“Eles [familiares] já sabem há muito tempo, mas eu ainda não tinha coragem de falar abertamente. As pessoas lidam de uma forma bem compreensível. Minha família fala que entende, que compreende a minha situação e a minha vontade, mas obviamente eles não aceitam. Eles não querem que eu faça, mas eles entendem”, desabafa.

A filha de Carolina também sofre com a decisão, mas entende a situação. De acordo com a veterinária, ela conversa muito sobre o assunto com a filha, que acompanha o sofrimento da mãe. A dor e a limitação causadas pela doença são tema de conversa com ela, que já disse que se uma pessoa opta por morrer é porque a dor deve ser muito forte.

Eutanásia no Brasil

 Carolina busca realizar o procedimento na Suíça, pois não existe regulamentação sobre eutanásia no Brasil. A prática é entendida como homicídio e, portanto, é criminalizada, já que o Código Penal Brasileiro concede apenas uma redução na pena no crime de homicídio se comprovada a motivação de “relevante valor moral” na prática da eutanásia.

A eutanásia é diferente do suicídio assistido, também proibido no Brasil. Este procedimento consiste na administração de medicamentos pelo próprio paciente para a interrupção da vida. Para isso, o paciente deve ter posse de suas capacidades mentais, sob supervisão de um médico.

(Fonte: Estado de Minas)




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